Ácido fólico, Vitamina B9, Metilfolato

Este texto abordará a importância da suplementação do ácido fólico, do metilfolato, a dosagem correta e a forma exata de se usar.

A vitamina B9, que é o ácido fólico ou metilfolato, está presente nos alimentos e necessita se transformar no metilfolato, a forma ativa dele. Acontece que 30% das pessoas têm dificuldade de converter o ácido fólico em metilfolato, pois tem uma enzima, que é a Metil-Tetra-Hidro-Folato, que transforma o ácido fólico em metilfolato.

Vejamos sobre a importância do ácido fólico na suplementação da gravidez. Isso já é comprovado: toda mulher que vai engravidar tem que começar a suplementar com ácido fólico e, durante a gestação, também deve suplementar com ácido fólico, principalmente no primeiro trimestre. Essa suplementação é para evitar que a mulher tenha doenças como Espinha Bífida, uma alteração no desenvolvimento do tubo neural, anencefalia, fendas palatinas, parto prematuro com descolamento de placenta. Então existem alguns riscos e quem usa ácido fólico evita de ter esses riscos. 

No entanto, como já citado, 30% das pessoas não converte o ácido fólico em forma ativa, que é o metilfolato. Por isso, é muito importante repor com o metilfolato, pois se pessoa tiver a deficiência dessa enzima que não converte, “pulamos” essa etapa e não ficamos dependentes, não importando se ela tem ou não a deficiência de converter. Para ter uma segurança, já receitamos ao paciente o metilfolato, para converter para a forma ativa.

Além de ser importante para evitar complicações na gravidez, a vitamina B9, ou metilfolato, faz a conversão da homocisteína em metionina. O excesso de homocisteína precisa ser dosado no sangue e está relacionado com inúmeras doenças, entre elas doenças no coração, trombose venosa e formação de câncer. A homocisteína é extremamente importante e a vitamina B9 faz com que ela não se acumule no sangue, que ela se transforme em metionina. Por isso, é recomendado fazer um exame para dosar a homocisteína. Se ela estiver elevada, há risco de desenvolvimento de problemas no coração, trombose e câncer, e, para isso, se faz necessária uma suplementação com ácido fólico ou metilfolato, que é a forma ativa do ácido fólico.

Ácido Fólico, vitamina b9 e Metilfolato.

Há vários estudos que mostram a importância do metilfolato em relação a depressão e a ansiedade. É muito comum, também, a deficiência de ácido fólico levar a uma anemia igual a anemia por deficiência de vitamina B12, que é uma anemia que deixa as células, as hemácias grandes, volumosas, sem função, circulando no sangue e não leva oxigênio adequadamente aos tecidos. O paciente fica com fraqueza, sonolência, palidez, se cansa facilmente, ou seja, tem sinais típicos de anemia.

Como é possível encontrar o ácido fólico na natureza? O ácido fólico está presente em verduras, mas elas precisam ser consumidas no dia em que são colhidas, porque se consumir três dias depois, 70% do folato que havia nessa verdura já se perdeu e não funciona mais. E esse é um grande problema nos dias atuais: é um privilégio quem consegue ter uma horta na casa ou comprar de um fornecedor que colha a verdura naquele momento do consumo. Uma quantidade importante de folato também é perdida quando você eleva demais a temperatura da verdura, como por exemplo, ao cozinhar um espinafre ou um brócolis, mesmo que fresco. O ideal seria comer folhas verdes cruas. O ácido fólico também está presente no levedo de cerveja, na semente de linhaça, na gema do ovo, no fígado. Enfim, ele está presente na natureza, mas há esse problema da conversão dele para a forma ativa, que é o metilfolato.

Existem algumas coisas que diminuem a absorção do ácido fólico das verduras e da carne, como o alcoolismo e o uso de bloqueadores de bomba de prótons, como Omeprazol, Pantoprazol, e remédios que diminuem a acidez, os antiácidos. Há, também, quem fica deficiente na absorção porque faz uma dieta restritiva, faz regime por muito tempo e deixa de consumir, às vezes, uma quantidade suficiente dessa vitamina B9, o que pode levar a homocisteína elevada, anemia megaloblástica, depressão e várias outras coisas. Por isso é muito importante suplementar da maneira adequada. 

Outro ponto que precisa ficar bem claro é que existem alguns medicamentos também, como Metotrexato – muito usado por quem tem doença reumática – em que o paciente precisa suplementar com o metilfolato porque esse medicamento impede a transformação do ácido fólico em metilfolato. Também há alguns medicamentos para o tratamento de doenças inflamatórias intestinais, como a Sulfassalazina, que impedem essa transformação. 

Em relação a exames, é o exame de sangue, o hemograma, que consegue detectar se a pessoa está com anemia e homocisteína, que consegue dosar no sangue e pode estar elevada. O ácido fólico pode ser dosado no sangue também, só que não significa absolutamente nada porque o ácido fólico pode estar bom, mas será que está transformando em metilfolato? Para saber seria preciso fazer um teste genético, para ver se o seu corpo é capaz ou não de transformar o ácido fólico em metilfolato. Mas não é necessário. Basta suplementar com o metilfolato.

A forma ideal de suplementação é metilfolato sublingual, uma dose de 500 microgramas a 1000 microgramas, uma vez por dia. Se for via oral, o comprimido de metilfolato de 3 a 5 miligramas por dia. A dose deve ser maior porque quando você ingere, tem que “cair” o medicamento no estômago e vai depender da absorção, se o seu intestino está absorvendo bem ou não. Então é preciso sempre uma dose um pouquinho maior quando for via oral. Não recomendo a suplementação com ácido fólico por esse motivo, além do que a suplementação com ácido fólico, e não metilfolato, compromete a absorção de zinco e inibe a absorção de alguns medicamentos anticonvulsivantes, como o Fenobarbital.

A contraindicação para o uso de ácido fólico e metilfolato é para pessoas que têm câncer. Elas não devem usar metilfolato. Mas se ele diminui a homocisteína e diminui as chances de ter câncer, por que ele não pode ser usado em quem tem câncer? Porque a pessoa que já está com câncer, se usar o metilfolato, aumentará a chance da metástase e da circulação tumoral.

Sobre o Autor

Dr. Juliano Teles
Dr. Juliano Teles

Médico há mais de 20 anos, formado pela UNESP – Faculdade de Medicina de Botucatu onde realizei residência médica e especialização em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Sua trajetória profissional teve em Tatuí/SP – sua cidade natal – onde passou atual no ambito hospitalar e a clinicar como gastro e cirurgião geral, realizando os procedimentos de endoscopia digestiva alta e colonoscopia. Pós graduado em nutriendocrinologia e nutrologia, em busca de novos conhecimentos realizou inumeros cursos sobre metabolismo e bioquímica, afim de proporcionar aos seus pacientes um atendimento individualizado e satisfatório com os resultados obtidos.

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

dez − nove =